domingo, 27 de fevereiro de 2011

O que perdeu o PSDB ao apoiar RC

O que ganhou Cícero ao enfrentar a tese contrária

O PSDB tinha e teve uma eleição difícil em 2010. O governo federal com toda a máquina, e apoiado na incrível popularidade de Lula, tinha um plano que ia além da eleição da Dilma. Neste plano estava incluída a eleição de maioria na câmara e principalmente no senado, casa onde Lula teve algumas dificuldades.

O plano ia além: precisavam eleger, bem como derrotar, especificamente, certas pessoas. Eleger um punhado de incompetentes (os competentes se viravam), mas fiéis, companheiros, e derrotar nomes como Arthur Virgilio, Heráclito Fortes, Tasso Jereissati, Mão-Santa, Marco Maciel, César Borges. Além, é claro, de eleger governadores.

Nesta conta o PSDB não podia arriscar nada. Em Pernambuco perdia um senador, o presidente nacional da legenda, que precisou fazer acordo com o governador do PSB para garantir o seu naco. Aí teve de sair candidato a deputado federal. Senão, nenhuma chance. No Amapá era certa, e foi confirmada, a derrota de Papaléo Paes. No Ceará e no Amazonas, derrotas de peso. Tasso Jereissati e Arthur Virgilio. Por falta de espaço, Eduardo Azeredo (MG) virou deputado federal e Flávio Arns (PR) virou vice-governador. O déficit final foi de 05 vagas, além das 07 cadeiras que o DEM perdeu.

Para governador a conta foi mais favorável. O PSDB elegeu 08 governadores e em estados importantes, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Goiás, além de Pará, Roraima e Tocantins. Ou seja, 54.6% da economia brasileira e 47,5% do eleitorado. Faltou pouquinho para a maioria numérica.

Quando qualquer partido traça as suas metas sabe quais as possíveis derrotas e sabe também que é preciso arriscar pouco. Vamos, então, à Paraíba.


O senador Cícero Lucena era perfeito para a conquista de mais um governo e o PSDB podia sim ter mais um senador. Sem riscos poderia ser Ivandro, Silvia Cunha Lima ou mesmo Rômulo Gouveia.

Cássio, sabíamos todos, era um risco. Mas, a direção nacional, mais especificamente o candidato a presidente da república e o presidente do partido, foram convencidos de que era assim que deveria ser. E é assim que foi.

É necessário um parêntese para registrar que não se discute aqui a justiça ou a injustiça contra o mandato do senador, eleito pelo povo, Cássio Cunha Lima, com seus mais de 1 milhão de votos. Discutimos apenas estratégia, acatando a tese de que “ para avançar, às vezes, é preciso antes recuar” .

Pois bem, a estratégia da Paraíba foi ruim. O PSDB perdeu um governador. Cássio assim como elegeu RC poderia ter ajudado Cícero – qualquer um com 64% dos votos de Campina seria governador – isso vale para RC, para mim, para Biu do Violão, que nem atua na política.

Perdeu também um Senador – a preço de hoje, pois isso pode mudar. Mas, a posse foi dada a mais um aliado do governo Dilma, Wilson Santiago, que, aliás, por estratégica, foi logo parar na mesa diretora do Senado.


E perdeu mais: o PSDB viu o seu senador e presidente da legenda no Estado, sair enfraquecido, tendo que ampliar o esforço para ser o candidato com chances, à prefeitura de João Pessoa, onde tudo vai recomeçar.

Em resumo: quem prometeu um PSDB maior na Paraíba, deu como resultado final o partido menor, refletindo no cenário nacional. Enquanto isso, quem foi alijado (Cícero Lucena) saiu, pessoalmente, mais forte. É senador, sem precisar trair nenhum amigo, sem precisar se aliar com os inimigos históricos, sem fortalecer os adversários nacionais ( como o PSB), sem expor o partido em nível nacional e ainda de quebra, com a poderosa primeira secretaria do senado.


E é por essas e outras que tem, e terá para além de 2012, o comando do PSDB no Estado, sem qualquer dúvida. Pois, se há fragilidade, esta não está com ele. É assim que a banda toca.

O PSDB não arriscará nada nos próximos dois anos. Vai trabalhar no limite para enfrentar 2014. Não adotará fórmulas mágicas ou exóticas. O caminho será simples e com poucos, ou nenhum, atalhos.

Os meninos do PSDB da Paraíba já sabem disso. Por isso, Já há os escalados para bater no principal nome do partido, Cícero, e já se ouve o inacreditável. O PSDB, um dos maiores partidos do país, que tem deputados federais e senador eleitos pela Paraíba, não tem tamanho e estrutura para enfrentar as eleições em Campina e João Pessoa. Ora, façam-me o favor!
Menos, meninos!
Menos!

Foto Waldemir Rodrigues

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