sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cícero tem razão

Cícero tem razão. O mínimo que Cássio tem de fazer é votar nele como ele votou em Cássio. Esta é a lógica da reciprocidade, da decência, da independência e até da compensação. Afinal, Cássio impediu a candidatura de Cícero quando este desejava ser o candidato do PSDB ao governo do estado, em 2010. Desejava e podia.

Naquela ocasião Cícero recuou. Deixou que Cássio levasse adiante o seu plano contra Maranhão. Empurrado pelo desejo de vingança, Cássio usou uma peça que funcionava contra Maranhão. RC fora alçado à condição de prefeito pelo PMDB com o mesmo desejo, o de vingança, contra Cássio e contra o próprio Cícero. Sim, na eleição de 2004, Maranhão via em Cícero um inimigo, por causa de Cássio e de Ronaldo.

O plano deu certo em parte. Maranhão foi derrotado, RC eleito. Cássio sagrou-se senador. Embora o jogo jurídico-político não tenha permitido a sua posse, ainda.

A Defesa - Curiosamente, não se vê qualquer movimentação do governador que ele apoiou e que se dizia amigo do governo federal. O seu partido, o PSB, tem peso no governo federal, no congresso nacional. Mas, nada se vê em defesa de Cássio. Aliás, muito feio o gesto de RC no episódio da AACD. Seria justo, coerente e sério que Cássio fosse representando o governo. Por que não foi assim? Porque RC tem tentado transformar Cássio em mero cabo eleitoral seu.

Cícero, ao contrário, manteve o seu apoio a Cássio sempre. Articulou manifestação dos senadores do PSDB e viabilizou o acesso burocrático de Cássio ao Senado Federal mesmo sendo Cássio, por enquanto, apenas um eleitor, claro, agora com o diferencial do diploma, conferido pelo TRE-PB, de senador eleito. Mas, para o Senado Federal, apenas um eleitor.

Dedo em riste - Estranhamente, Cássio, ao invés de pagar a conta, pede mais crédito. Diplomado, meteu o dedo, outra vez, na cara de Cícero e esbravejou que não vai “admitir que a eleição em João Pessoa atrapalhe a aliança com Ricardo”. Como assim, senador?

Então, podemos supor que Vossa Excelência vai articular para que o governador apoie o candidato do seu partido, o Cícero?

Essa é a equação justa. Que não vai ocorrer porque ninguém nesse jogo opera para juntar. Todos lutam, correm, batem pé, em prol da cizânia. Assim sendo, melhor cada um para um lado. Cícero, certamente, será candidato. E para ter a legenda não depende de Cássio. O apoio seria bom e justo. Se não vier, problema de Cássio, que cedo ou tarde pagará por esse gesto.

Cícero estará na disputa e além de todos os atributos necessários a um candidato, tem algo a mais. Paciência, calma, disciplina. Enquanto os dedos passam por seu rosto, os gritos ecoam misturados aos cuspes, Cícero passa leve, acima, sem ódio e sem se misturar com os inimigos do povo.

Cícero já aprendeu que uma eleição é muito mais do que ganhar ou perder. Maranhão dar de ombros para o ódio. A roda da política gira sem parar. Há vários agentes, além do Cássio, jogando esse jogo. E o resultado? Não importa. Só será vitorioso aquele que ao final for uma pessoa melhor.

Em tempo: O senado é casa difícil. Já vi muito senador inexperiente ficar sem espaço
apenas por ter metido o dedo na cara de servidor. Avalie na cara do presidente e dos pares. Sei não, isso pode ser ruim para quem chega, sobretudo, no último trem, após longa e, sejamos justos, difícil jornada. Jornada que, aliás, ainda não se completou.

domingo, 23 de outubro de 2011

A AACD conquistada por Cássio e Veneziano para as crianças da Paraíba

Pela via da política, Cássio Cunha Lima, negociou a instalação de uma unidade da AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente, em Campina Grande. A unidade não será custeada, nem os serviços serão prestados, nos moldes das demais existentes no Brasil. Ou seja, com recursos da própria AACD, arrecadados no Teleton ou em outras doações.

A unidade de Campina Grande será construída pela AACD, com os recursos arrecadas pelo Teleton, mas será mantida pela prefeitura de Campina Grande, através da Secretaria de Saúde, que terá de prover os recursos, sejam do SUS ou próprios, para fazer funcionar e manter a unidade, com a habilitação de todos os serviços. Por isso, Cássio não pode excluir a prefeitura e o prefeito Veneziano dessa ação política que resultou, Graças a Deus, na instalação de uma AACD em Campina Grande.

Cássio Cunha Lima também poderia ter deixado de fora o governo, pois apenas o terreno poderia ser dado também pela prefeitura. Mas, Cássio, aliado do governador da Paraíba, deu um jeito de incluir o governo no projeto. E assim, o governo vai dar o terreno. E só.

Desse modo, é necessário esclarecer que era legítimo Cássio participar do Teleton. Era legítimo também Veneziano participar, pois é o atual prefeito e é na cidade que ele administra que será instalada a unidade. Cássio sabe disso. Não diz, mas sabe. Sem veneziano nada feito porque a AACD talvez não tivesse o interesse em instalar aqui, poderia fazer em qualquer outra parte do Brasil. Fez aqui porque o povo de Campina Grande vai arcar com a conta. Ainda assim, é muito importante esse equipamento em nossa cidade.

Veneziano fez certo em topar o projeto. Cássio foi feliz ao buscar essa saída. Tudo certo. Também é certo que Veneziano coloque em sua prestação de contas a AACD como conquista e como parte de seu trabalho. Afinal, poderia recusar essa modalidade onde a prefeitura arca com as despesas. Não o fez porque tem compromisso com sua cidade.

No palco do Telecon tivemos o prefeito de Campina Grande, que falou bem, explicou tudo, esclareceu, sem ofender, que o governo da Paraíba dará apenas o terreno, o resto é com a prefeitura. Cássio ficou fora do holofote. E foi injusto.

Fosse coerente, o governador teria mandado Cássio representá-lo. Afinal, foi de Cássio a idéia, a negociação política. Poderia e deveria falar em nome do governo. Mas, o que se viu foi o governador apenas mencionar Cássio, que ficou na platéia como se fora um mero cabo eleitoral do governador. E antes disso, tivemos ainda a cena grosseira de uma senhora da comitiva do governo abanando dinheiro, louca para aparecer, comprando os bonequinhos do Teleton, com uma nota de cem.

A cena inteira nunca poderá ser usada. É horrorosa. Mas, o retrato com o sorriso ladeado pelos bonequinhos vai servir mais adiante. Tem nada não, é pouco diante do que ganhamos: assistência para as crianças deficientes.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Na semana da criança cenas de ultraje, ao vivo, na Tv.

E a televisão mostrou uma criança de 13 anos sendo estuprada. Não vi o programa, obviamente. E demorei a acreditar nesse fato, até que li a peça do Ministério Público em que foi descrita a exploração da miséria humana, como bem classificou o Procurador Duciran Farena.

O estado brasileiro tem mecanismos para coibir tais aberrações. E creio, vai responder à altura. Ainda assim, o crime de exibir uma criança sendo violentada foi cometido. Todos puderam, na hora do almoço, assistir a esse filme de terror.

E o que pode fazer a sociedade contra tudo isso. Por mais amigos que sejamos do apresentador em questão. Por mais que outros admirem o seu trabalho. Por mais que tantos estejam do seu lado na política e na vida, o homem errou e atentou contra todos nós. E não podemos compactuar com tal loucura.

Assisto pouco à televisão. E jamais vejo esse tipo de programa. Por isso, não sei dizer da conduta da tv e do programa no dia seguinte. Mas, o certo é que o dono da TV correio, seus diretores e diretoras, funcionários, apresentador, devem vir a público pedir desculpas à vítima, à sua família, aos telespectadores, ao povo paraibano.

O Ministério Público agiu rápido. O Procurador lembrou que “A infelicidade de um crime não torna o corpo da vítima objeto do domínio público para que os réus dele possam servir-se com fins lucrativos”, defende o procurador da República, Duciran Farena, que subscreve a ação.

E esse homem, apresentador-político, deixou de lado todos os princípios humanos e ajudou a humilhar ainda mais essa vida. Sim, porque ela teve de reviver tudo, o bandido a reconheceu, seus amigos, vizinhos, gente de toda a sorte soube de sua dor. Esse foi o presente ofertado por este programa em plena semana da criança.

Isso nem de longe é jornalismo. Esse homem seguramente não tem filhas, pois imagine se isso fosse feito com uma filha sua. Além da tragédia vivida pela menina, o crime levou a outro crime que é a exibição desse ultraje em cadeia estadual, podendo ser exibido em cadeia nacional? Com sua filha não pode, claro, apenas com as filhas de outros.

Como jornalista estou envergonhada desse vale tudo. E embora não tenha nada a ver com o fato, peço desculpas à vítima e seus familiares, pelo fato de a minha profissão ter descido a níveis degradantes e, talvez, irrecuperáveis em nosso estado.