segunda-feira, 18 de março de 2013

Os motivos da fusão PMN/PPS impedem que se concretize.


 
Roberto Freire e Telma Ribeiro, comandantes do PPS e PMN, respectivamente, jantaram no último sábado (16/3), em São Paulo, para discutir possível fusão dos dois partidos. A conversa de certo modo dava continuidade ao processo iniciado em 2007 e que resultou em nada. Terminou no “cada um para o seu lado.”.

Naquela ocasião foi feito tudo, tudinho mesmo. Acerto sobre como ficam as direções estaduais, quem manda na nacional, nos espaços do novo partido. Foi feito novo estatuto e até congresso das duas legendas que autorizava tudo. Chegaram até a fazer o protocolo no TSE, algo como os noivos “colocar os nomes no cartório”.

Mas, no meio do caminho, o Supremo Tribunal Federal julgou questão que motivava a fusão definindo que os partidos (todos) tinham direito a tempo de TV, fundo partidário, participação em comissões no congresso, tudo, enfim, independentemente do número de votos obtidos. Claro, haveria uma proporcionalidade nestas participações.

O PPS, maior que o PMN, deu de ombros então e pediu para rever os termos da fusão, haja vista que o PMN e PHS entravam em pé de igualdade. PMN e PHS, pois a fusão era com três siglas.  Com a ré do PPS, PMN disse tchau. Fica você lá, que fico cá.  Telma não é de rever acordos e a sua palavra é conhecida no Brasil como algo sólido, que não precisa sequer de documentos.

Relembrado isso, voltemos à proposta de fusão hoje. PMN e PPS conversaram. Conversa rápida, já que os termos devem ser os mesmos de outrora, com pequenos ajustes. Mas, Telma, na conversa, já informou que não caminha com Eduardo Campos. E eis o nó. Roberto Freire trabalha para ajudar Campos e acomodar Serra. 

Telma Ribeiro dos Santos, fundadora e comandante do PMN nacional, aceita discutir a fusão. Mas, se esse projeto está atrelado a Eduardo Campos já nasce morto. E por quê?

O episódio de Olinda/PE, como ela diz, afasta o PMN. Com o Eduardo Campos o PMN não vai caminhar. Nas últimas eleições houve uma tentativa de manipulação do PC do B de Olinda, leia-se o prefeito Renildo Calheiros, que atuou para impedir a candidatura do PMN naquele município.

Infelizmente, isto é muito comum. Aqui mesmo na Paraíba tivemos episódio semelhante, quando o prefeito de São João do Tigre tentou impedir candidatura própria do PMN. Usam os próprios filiados da sigla, que tem vinculo com os prefeitos ou caciques de outras legendas, mas donos do poder.

No caso de Olinda, Eduardo Campos apoiou o PC do B contra o PMN, que teve de ir até a justiça para garantir a sua participação no pleito. Evidente que o prejuízo foi irreparável. Há os que sustentam que Eduardo Campos foi além do que devia no episódio, em favor do PC do B.

Além disso, a proposta de fusão do Freire conspira para beneficiar Serra que pode ir para qualquer partido, pois não tem mandato, mas os seus precisam de sigla nova e a fusão garante o dispositivo legal, para sair do PSDB sem problemas de infidelidade. Com isso, sai o Serra e prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federias que o acompanham, implodindo o PSDB, principalmente em São Paulo. O PMN, aliado de Alckmin, não vai se prestar a isso.

Por tudo isso ouso afirmar: a fusão não acontecerá.  Os motivos impedem que prospere.

Lídia Moura

sábado, 16 de março de 2013

Eduardo Campos muda o jogo nos estados. Na Paraíba, Aguinaldo Ribeiro pode ser escalado pelo Planalto




O governador de Pernambuco Eduardo Campos será candidato contra Dilma. Esse fato mudou o panorama da política e vai mudar mais nos próximos dias. Caciques do alto escalão do PSB já se movimentam pelos Estados, buscam antigos e novos aliados, avaliam possíveis reforços e começam a montar a estratégia para 2014.

Um destes já esteve na Paraíba. Embora tenham como certo o apoio do atual governador, procuram reforços. E tem puxado assuntos antigos, com antigos militantes. E se houver mágoas, a ordem é apagá-las. Começar de novo é o lema.

Dilma, por outro lado, já começa a cortar as asas de Eduardo e a dinheirama derramada em Pernambuco tende a diminuir. Mas, o neto de Arraes não está nem aí. Tem lastro suficiente para a empreitada e também já começou a percorrer o Brasil. Por enquanto, vai ser discreto, negocia a portas fechadas.

Roberto Freire, presidente nacional do PPS, já está fazendo articulações em favor de Campos. O PMN foi sondado para possível fusão, com a ideia de o novo partido que surgisse de PPS e PMN abrigasse José Serra para ser o vice de Eduardo. A fusão não sairá, mas a conversa sobre aliança pode continuar.

O governador, Eduardo Campos, começou bem. Além de apoio interno, incluindo governadores e parlamentares, pode contar com Roberto Freire, que é bem articulado e respeitado, tem 11 deputados federais e tem um partido organizado em todo o país, sem contar que atualmente é deputado federal pelo estado de São Paulo, o que ajuda com novos contatos para Eduardo.

]Buscam o PMN porque, embora menor, tem deputados federais e também está organizado em todo o país. E não tem conflitos e disputas internas relevantes. É uno e em vários estados tem representatividade importante. É o caso do Rio Grande do Norte, Alagoas, Distrito Federal, Rio de Janeiro etc. 

Além disso, tem pé quente. Estava entre os quatro partidos que apoiaram Lula quando este ganhou a eleição para presidente em 2002. Eram apenas PT, PL, PCdoB, PCB e PMN. E hora nenhuma estrou em mensalões e afins.

Eduardo Campos tem uma bancada considerável no Congresso. São vinte e sete ( 27 )deputados e quatro (04) senadores, o que deixa Dilma sem poder brigar pra valer. O PSB só não poderá contar com os irmãos Gomes (Ciro e Cid), do Ceará, que permanecerão com Dilma. São eles os escalados para bater em Eduardo Campos, de dentro de casa, o que, convenhamos, é um papel muito feio.

A movimentação de Eduardo Campos, no entanto, altera o jogo nos estados, principalmente, naqueles onde o governo está com o PSB. Afora o Ceará, que fica com Dilma, o pretenso candidato tem o seu estado, Pernambuco (96% dos pernambucanos aprovam o seu governo), e o PSB tem ainda: Piauí, Amapá, Espírito Santo e a Paraíba.

E por aqui o jogo já mudou. O PT de Dilma já se movimenta. Por cima, claro. Caso Eduardo Campos seja candidato, o Planalto vai parar de tratar RC como aliado. Além disso, a ideia é ter um candidato para tirar do páreo o palanque de Eduardo Campos. Sem esquecer o PSDB, estando este em faixa própria ou com Ricardo. O destino do PSDB depende da decisão de Cássio Cunha Lima, que, aliás, já aparece nas pesquisas como favorito. Os tucanos merecem um capítulo a parte, em breve. Só para adiantar, Cícero, dificilmente, aceita ser o senador na chapa de Ricardo.

E é aí que o cenário pode mudar mais. Sendo Eduardo Campos candidato a presidente, o ministro Agnaldo Ribeiro, hoje forte candidato a deputado federal, seria candidato apoiado pelo Planalto para fazer este enfrentamento, junto com o PT e outros que não querem nem Ricardo (PSB), nem PMDB.

O ministro, portanto, outra vez, pega um cavalo prá lá de selado e pode ser a solução para o PT e para Dilma. Seria o candidato a governador. Neste caso, a irmã seria candidata a deputada federal, Agra, aceitando o plano, pode ser o senador.

O fato é que Eduardo Campos torna o jogo melhor e saudável para a política. Aqui mesmo na Paraíba traz uma lição de que aliado não é escravo. Por isso, hoje pode estar junto, amanhã em outra faixa. Nada demais. Só considera traição os que enxergam a política como um reduto particular, pertencente a famílias e oligarquias, onde os aliados são meros coadjuvantes que esperam a ordem para então seguir o rumo que mantém o status quo.

Pobre de quem joga na política como algo pessoal. No fim, repito, todos se juntam ou se apartam de acordo com as conveniências do instante, ou seja, a próxima eleição.



Lídia Moura
Jornalista

Todos os cenários podem ser desmontados





Sabemos que os que fazem política se juntam ou se apartam de acordo com as conveniências. Assim, é que muitos já pensam: estaria Cássio Cunha Lima se aproximando ao elogiar e votar com Vitalzinho para presidir a importante CCJ – Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal? Poderia, mas não é isso.

Sendo hoje o político mais maduro da Paraíba, Cássio joga o seu jogo, não vai para o terreiro de ninguém e lida de maneira espetacular com as vaidades. Sabe como poucos desviar ou realçar o foco a fim de esperar reações, bandeiras, movimentos. Aliás, na política como na vida há momentos em que “as palavras são de prata e o silêncio é de ouro”. Cássio aprendeu essa máxima quando do seu calvário vendo o terceiro colocado nas eleições de 2010 sentado na sua cadeira de senador.

Com os elogios e posições de urbanidade, até as maldades que vier a fazer passarão despercebidas. E bem sabemos que contra Veneziano dói mais em Vitalzinho do que no próprio. A bordoada que vem de Campina, pelas mãos do competente procurador geral do município José Mariz, dizem, é volumosa, se me permitem os leitores, o uso de sofismas. O comportamento civilizado de Cássio o afasta da autoria.

Cássio atingiu a maturidade, mas tem um zumbido em seu ouvido, dito, redito e repetido até hoje. O termo ficha limpa para apontá-lo como ficha suja foi usado como um punhal. Agora quer vê o mesmo punhal em outro tórax. Da prática da vingança Cássio ainda não se livrou completamente. Algumas, vamos combinar, são divertidas. Fazer Wilson Santiago perder em sua terra natal em 2010 e Dilma ficar atrás de Marina Silva em Campina Grande, por exemplo, foi interessante e foi obra sua.

Aliás, ainda sobre a maturidade de Cássio vale a pena observar o que disse quando a imprensa publicou as cafonices da primeira-dama do estado, “A Isto É fez uma matéria sobre a Primeira Dama, ela no seu direito se manifestou e o assunto para mim está encerrado". Foi o que disse, sabiamente. Um político do seu porte não deve mesmo comentar sobre papel higiênico mais enfeitado que penteadeira. Ele tem razão, melhor nem falar sobre o assunto.

O que já pareceu a pior das situações, hoje se pode dizer que Cássio tem a situação mais confortável de todas. Não precisa disputar, mas pode. Tem cartas na manga. Nomes já estão prontos, antes não estavam. O seu irmão é um desses exemplos. Pode ser o vice de Ricardo Coutinho, caso RC se comporte e obtenha outra vez o apoio de Cássio (leia-se Campina Grande). 

Tem ainda RÃ?mulo Gouveia, Efraim Moraes, Cícero Lucena, Rui Carneiro, Romero e, melhor, tem Campina Grande.

Mesmo sendo um político tarimbado, Cássio é antes um ser humano. E, evidente, pode até aturar Wilson Santiago no palanque de Ricardo, mas não como o Senador da coligação. O recado já foi dado. Enquanto isso, muita conversa e montagens de cenários.


Na outra ponta, Santiago tentando ser aceito no coletivo girassol, tem servido de ponte para os prefeitos do PMDB. Cansados de pão e água aderir ao governo é simples e necessário, pois afinal a nova amizade com o governador representa estradas, quadras de esportes, Ã?nibus escolar, patrocínio de São João etc.

Além disso, Zé Maranhão tem o álibi perfeito e pode ele também iniciar as suas negociações sem ser percebido. Lembram: as palavras são de prata e o silêncio é de ouro...

Ao final, Zé pode se juntar com Ricardo Coutinho, no caso de Cássio ser candidato e Veneziano não se viabilizar. O PMDB pode ainda ser a saída para o PT. Não tendo um bom candidato, é o melhor vice. Claro, não se pode esquecer que além de Veneziano, o PMDB tem o senador Vital do Rego Filho prontinho.

E o que pode querer Zé maranhão? O senado? Talvez não. Ele também tem maturidade. E a Desembargadora Fátima Bezerra assumindo o governo do Estado por uns dias pode ser legal.

Maranhão, afinal, trabalha para que a família Vital do Rego não herde o PMDB. E dificilmente isto acontecerá. Zé maranhão não gosta sequer do estilo. Não consegue visualizar “esses homens no governo do estado” teria dito a interlocutor.

Mais cenários- O Ministro que ia cair na mesma semana que assumiu segue firme e já monta chapa. Já conversa com dois partidos de peso razoável no cenário nacional (PSC e PC do B) e opera para abrir as portas do governo federal para os que perderem (se perderem), as eleições. Será senador se o cavalo passar selado ou será puxador de votos para eleger a si mesmo e mais dois deputados federais, o que não é pouca coisa para um homem só. Os comes e bebes com a Presidenta esta semana serão por sua conta, em casa de seu pai.

E o Senador Vital do Rego? Trabalha feito bicho, merece todos os espaços que conquistou em Brasília. Mas, falta uma equipe mais apurada e a sua principal peça, o amado irmão, ainda não encontrou o rumo. Tem atirado na direção da candidatura a governador, mas deixou lacunas na sua base eleitoral. O cenário é complicado também porque Romero Rodrigues tem maioria qualificada na Câmara Municipal de Campina Grande.

Aliás, o cenário na CMCG para o PMDB é complicado. Perderá 50% da bancada, saem Pimentel e Metuzelá e também suplentes. Sem contar que em CG, por enquanto, não há oposição. Há honrados (as) operários (as) se manifestando, defendendo o chefe, mantendo as luzes acesas. Apenas isto e nenhuma ação relevante.

E neste quesito há que se ter cuidado, pois o danado do mico até consegue desviar-se em meio aos cristais, mas o rabo bota tudo a perder. Desvia o corpo, entretanto o rabo faz movimento diverso e esbarra sempre.

O papel da defesa do irmão poderia estar sendo feita pelo Senador, porém há o seu temperamento. Vai ao inferno para devolver desaforos e ainda não aprendeu a ser contrariado sem reações coléricas. Tem potencial para ser ele o candidato do PMDB e inteligência tão ampla que chega a ser diabólica.

Estes são cenários, mas todos desmontáveis. O que vai prevalecer é a capacidade de reação para estancar sangrias, seduzir peças menores, porém qualificadas, e inventividade para convencer o povo de que a opção que cada um representa, é a única que pode fazer bem à Paraíba. Inventividade uma vez que os atores são os mesmos, nada de novo.

No âmbito geral, no entanto, vale registrar: o maior problema ainda é do atual governador. Depende de combinações de resultados. Tem de aguardar o saldo dos adversários. A sua posição no campeonato não depende apenas de si próprio. Tem de ganhar o seu jogo e aguardar os resultados de outros jogos.

A depender destes resultados pode vir a levantar a taça outra vez ou ter de desocupar a Granja, mesmo com a despensa cheia.


Lídia Moura
Jornalista

A violência de Oscar Pistorius abre o armário cheio de esqueletos femininos




A violência contra as mulheres acontece em todas as camadas sociais, em todos os países, em todos os lugares e é cometida até por heróis.

Oscar Pistorius, por mais que negue, agora se sabe, tinha conduta de violência. Já havia anteriormente sido preso por ter agredido uma mulher, usava armas e terminou por dar quatro tiros na namorada. As razões serão apuradas. Mas, o fato é que Reeva Steenkamp foi assassinada.

A imprensa noticia que a modelo foi baleada quatro vezes, e os tiros atravessaram a porta de um banheiro da casa do atleta. Segundo a polícia, a vítima foi atingida por quatro impactos de bala de 9 (nove) milímetros que a atingiram na cabeça e em uma mão. Peritos afirmam que é comum a vítima colocar a mão na frente do rosto quando agredida, numa tentativa de buscar proteção.

Trazemos a história de Oscar, homem bem sucedido, herói do esporte, 26 anos, com curso superior, para lembrar que o rastro de violência pode ser encontrado em qualquer lugar. E por isso, combater a violência contra a mulher é assunto de Estado.

A África do Sul, país de Pistorius, ocupa o 19º lugar no mapa de homicídios que vitimam mulheres, de um total de 80 países estudados.
Nesse universo, a Finlândia, por exemplo, é um dos países mais desenvolvidos do mundo. Lá, há políticas públicas para a busca do bem-estar humano. O país foi classificado na 1ª posição do Índice de Prosperidade Legatum de 2009, que é baseado no desempenho econÃ?mico e na qualidade de vida.

Em determinado momento da história recente, a Finlândia tinha à frente do Parlamento uma primeira ministra, a presidente da Nokia, maior empresa de telefonia do mundo, sediada naquele país, era uma mulher, 42% do parlamento era de mulheres.

Ainda assim, estudos mostram que a Finlândia é campeã na violência contra a mulher. Em homicídios estar entre os quarenta países mais violentos, de um total de 80, sem, portanto, ter como esconder esse esqueleto no armário.

O Brasil ocupa a sétima posição com taxa de 4,4 homicídios a cada 100 mil mulheres (dados da OMS). Falamos de homicídios. No mais, uma mulher a agredida a cada 15 segundos. No país, a nossa Paraíba ocupa o 4º lugar. 

Dentre as capitais, João Pessoa ocupa o 2º lugar, atrás apenas de Vitória/ES.
Mesmo com esse quadro trágico este assunto é tido como enfadonho para uma grande parcela da sociedade. Falar de políticas públicas para as mulheres, de combate à violência e tido até como ato de segregação pelos mais ignorantes. Dia desses um machista da pior qualidade tentou, com um monte de palavras sem qualidade, convencer as mulheres de que falar sobre a nossa condição era ato de atraso.

O machista do baixo clero é assim. Quer ditar às mulheres como pensar até sobre elas mesmas. Não divulgo o tal texto para não transformar esse lixo em algo importante.

E de onde vem tanta violência, tanto desprezo pelas mulheres? Historicamente há alguns fatos que podem contribuir. O saber, a propriedade, o poder, eram reservado aos homens, ao ponto de se ter discutido em dado momento se a mulher tinha ou não alma. Isto perdurou até o Concílio de Trento (1545 a 1563) quando e definiu que nós mulheres não apenas temos almas, como somos as culpadas por todos os males, afinal fora uma mulher, Eva, quem aceitou a sugestão da serpente na tese criacionista. Com esse dogma a nossa interlocução com Deus carecia de um intermediário homem. Pai, marido, irmão, filho.

O direito de ler e de escrever era para os homens. Assim, é que nós mulheres levamos oito séculos do dia que inventaram as universidades até nelas podermos ingressar. O direito de votar merece um capítulo, mas foi proibido até 1893, quando a Nova Zelândia instituiu o voto para as mulheres. Foi necessário muita luta mundo afora para a conquista deste direito elementar. 

No Brasil ele só veio em 1932, embora se registre uma tentativa no Rio Grande do Norte, em 1928, com a eleição da prefeita Alzira Soriano, ato contestado pelo governo federal da época.

Até bem pouco tempo era comum em nosso país e no mundo, mulheres desempenharem as mesmas funções e receberem 30% menos que os salários dos homens. E Ainda há preconceitos, privilégios para os homens, dificuldades de ascensão profissional.

Durante muito tempo, as mulheres casadas estiveram sujeitas à autoridade do marido e as mulheres solteiras estiveram sujeitas à autoridade do pai. 

Assim, não podiam dispor de bens. Os países nórdicos foram os primeiros a reconhecer direitos econômicos e de propriedade às mulheres. O direito de herança foi reconhecido pela Noruega em 1845 e pela Finlândia em 1878.

As mulheres casadas passam a poder dispor do seu salário, em 1882, na Inglaterra, e em 1889 na Finlândia. Sim, mesmo trabalhando não podiam dispor de seus salários livremente.

Assim, é que homens se convenceram de que nós mulheres somos objetos feitos para servi-los e qualquer atitude que tenta mudar isto resulta em violência, às vezes moral, psicológica, quase sempre a violência é ampliada às agressões físicas e até a morte.

Há que se ter, portanto, uma mudança radical nessas relações. Homens e mulheres tem de fato que ser iguais. Nos direitos e deveres, na proteção do estado, no combate à violência, na recuperação dos conceitos históricos, no acesso ao poder, na tomado de decisões, no lugar na história.
E no patamar mais baixo, ajuda banindo o direito de reação com agressão, seja verbal ou física, que qualquer homem no planeta parece ter quase que como um direito de nascença.

Lídia Moura
Jornalista