quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cícero, Marco Túlio Cícero e os autistas.

Em junho de 2010, o PMN – Partido da Mobilização Nacional, realizou em João Pessoa um encontro estadual da legenda, com a participação da direção nacional. Naquela ocasião foram convidados vários parlamentares, os presidentes de todas as legendas, agentes políticos, deputados, além do prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego e do governador José Maranhão. Cícero Lucena foi convidado, assim como Efrain Moraes e Roberto Cavalcante.

A intenção era uma grande discussão já que o PMN começava a definir a sua estratégia para as eleições 2010. Precisava ouvir a todos. Vários comparecerem, outros ignoraram. Dos senadores apenas Roberto Cavalcante compareceu. Cícero Lucena explicou que, em respeito a Cássio, não poderia ir. Afinal, o momento era delicado, Cássio perdera o mandato e Maranhão assumira em seu lugar. Telefonou, falou comigo e com a secretária nacional do PMN, Dra Telma Ribeiro.

O evento era importante, pois Cícero era naquela ocasião pré-candidato (ou pelos menos tentava ser) e todos os partidos são importantes para possíveis alianças. O PMN era um desses.

Faço essa narrativa para pontuar que Cícero foi correto sempre. Foi correto com o seu partido, com Cássio, com seus correligionários e com os amigos. No partido travou uma batalha para ser candidato. Não conseguiu e foi exposto em praça pública. Agonizou. Como aceitar que não apenas estava privado de ser candidato pelo partido que preside, sendo ele um senador, mas também e, principalmente, aceitar a decisão do apoio ao seu maior adversário.

O adversário foi o sujeito que denunciou, perseguiu. De modo mesquinho desfez até homenagens ao seu pai, conferida pela Câmara de Vereadores. Foi o que enviou papéis e denúncias para o TCE, TCU, Polícia Federal. Esteve por trás de todas as mazelas processuais enfrentadas por Cícero (a afirmação é do próprio) culminando com sua prisão, o que para um homem de bem ( E Cícero é sim um homem de bem) marca a vida para sempre.

Os fatos acima são razão suficiente para que os seus amigos e correligionários jamais apoiassem o seu maior inimigo, ainda que este fosse a carta na manga. Avalie quando se trata de um candidato fraquinho, arrogante, vendedor de ilusões, de gestão rota, ignorante em questões importantes para a economia do estado, como minérios e portos. Hábil com parte das palavras, sobretudo quando não sabe a resposta, e um mestre na cizânia.

Fácil não é. Mas, Cícero manteve-se firme, no PSDB, e gritando que votaria em Cássio para o Senado. E assim foi.

Agora restam dois candidatos. O seu inimigo e o outro. E é apenas isto: Cicero não tem condição moral de caminhar com o seu algoz. Não tenho procuração ou contatos com Cícero, mas sei que a sua maior cicatriz foi feita por esse sujeito, que sequer se arrependeu. Não pediu perdão. Não se importa.

Por tudo isso, choca ver o vice do inimigo de Cícero tomando satisfações por sua posição. São autistas, criaram um mundo particular e é com esse mundinho que interagem. Ainda assim vale a pena lembrar: Cícero sentiu muita dor. Foi alijado, desconsiderado, humilhado. Mas, é bravo. Aguentou. Talvez inspirado no outro Cícero que diante de seus assassinos naquele 7 de Dezembro de 43 a.C. disse simplesmente: "Não há nada correto no que estás a fazer, soldado, mas tenta matar-me corretamente". Inclinou a cabeça para facilitar a tarefa.

Não resistiu. Teve dignidade diante dos algozes e até hoje é lembrado pelas palavras do próprio inimigo. “Era um homem sábio. Um homem sábio que amava a sua pátria”

Esta talvez seja a maior razão do paraibano Cícero. Por amor à Paraíba não poderá votar no seu inimigo.

Em tempo: Votar em Zé Maranhão e Tudo o que fizer é fichinha...
Lídia Moura

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