sábado, 16 de março de 2013

Todos os cenários podem ser desmontados





Sabemos que os que fazem política se juntam ou se apartam de acordo com as conveniências. Assim, é que muitos já pensam: estaria Cássio Cunha Lima se aproximando ao elogiar e votar com Vitalzinho para presidir a importante CCJ – Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal? Poderia, mas não é isso.

Sendo hoje o político mais maduro da Paraíba, Cássio joga o seu jogo, não vai para o terreiro de ninguém e lida de maneira espetacular com as vaidades. Sabe como poucos desviar ou realçar o foco a fim de esperar reações, bandeiras, movimentos. Aliás, na política como na vida há momentos em que “as palavras são de prata e o silêncio é de ouro”. Cássio aprendeu essa máxima quando do seu calvário vendo o terceiro colocado nas eleições de 2010 sentado na sua cadeira de senador.

Com os elogios e posições de urbanidade, até as maldades que vier a fazer passarão despercebidas. E bem sabemos que contra Veneziano dói mais em Vitalzinho do que no próprio. A bordoada que vem de Campina, pelas mãos do competente procurador geral do município José Mariz, dizem, é volumosa, se me permitem os leitores, o uso de sofismas. O comportamento civilizado de Cássio o afasta da autoria.

Cássio atingiu a maturidade, mas tem um zumbido em seu ouvido, dito, redito e repetido até hoje. O termo ficha limpa para apontá-lo como ficha suja foi usado como um punhal. Agora quer vê o mesmo punhal em outro tórax. Da prática da vingança Cássio ainda não se livrou completamente. Algumas, vamos combinar, são divertidas. Fazer Wilson Santiago perder em sua terra natal em 2010 e Dilma ficar atrás de Marina Silva em Campina Grande, por exemplo, foi interessante e foi obra sua.

Aliás, ainda sobre a maturidade de Cássio vale a pena observar o que disse quando a imprensa publicou as cafonices da primeira-dama do estado, “A Isto É fez uma matéria sobre a Primeira Dama, ela no seu direito se manifestou e o assunto para mim está encerrado". Foi o que disse, sabiamente. Um político do seu porte não deve mesmo comentar sobre papel higiênico mais enfeitado que penteadeira. Ele tem razão, melhor nem falar sobre o assunto.

O que já pareceu a pior das situações, hoje se pode dizer que Cássio tem a situação mais confortável de todas. Não precisa disputar, mas pode. Tem cartas na manga. Nomes já estão prontos, antes não estavam. O seu irmão é um desses exemplos. Pode ser o vice de Ricardo Coutinho, caso RC se comporte e obtenha outra vez o apoio de Cássio (leia-se Campina Grande). 

Tem ainda RÃ?mulo Gouveia, Efraim Moraes, Cícero Lucena, Rui Carneiro, Romero e, melhor, tem Campina Grande.

Mesmo sendo um político tarimbado, Cássio é antes um ser humano. E, evidente, pode até aturar Wilson Santiago no palanque de Ricardo, mas não como o Senador da coligação. O recado já foi dado. Enquanto isso, muita conversa e montagens de cenários.


Na outra ponta, Santiago tentando ser aceito no coletivo girassol, tem servido de ponte para os prefeitos do PMDB. Cansados de pão e água aderir ao governo é simples e necessário, pois afinal a nova amizade com o governador representa estradas, quadras de esportes, Ã?nibus escolar, patrocínio de São João etc.

Além disso, Zé Maranhão tem o álibi perfeito e pode ele também iniciar as suas negociações sem ser percebido. Lembram: as palavras são de prata e o silêncio é de ouro...

Ao final, Zé pode se juntar com Ricardo Coutinho, no caso de Cássio ser candidato e Veneziano não se viabilizar. O PMDB pode ainda ser a saída para o PT. Não tendo um bom candidato, é o melhor vice. Claro, não se pode esquecer que além de Veneziano, o PMDB tem o senador Vital do Rego Filho prontinho.

E o que pode querer Zé maranhão? O senado? Talvez não. Ele também tem maturidade. E a Desembargadora Fátima Bezerra assumindo o governo do Estado por uns dias pode ser legal.

Maranhão, afinal, trabalha para que a família Vital do Rego não herde o PMDB. E dificilmente isto acontecerá. Zé maranhão não gosta sequer do estilo. Não consegue visualizar “esses homens no governo do estado” teria dito a interlocutor.

Mais cenários- O Ministro que ia cair na mesma semana que assumiu segue firme e já monta chapa. Já conversa com dois partidos de peso razoável no cenário nacional (PSC e PC do B) e opera para abrir as portas do governo federal para os que perderem (se perderem), as eleições. Será senador se o cavalo passar selado ou será puxador de votos para eleger a si mesmo e mais dois deputados federais, o que não é pouca coisa para um homem só. Os comes e bebes com a Presidenta esta semana serão por sua conta, em casa de seu pai.

E o Senador Vital do Rego? Trabalha feito bicho, merece todos os espaços que conquistou em Brasília. Mas, falta uma equipe mais apurada e a sua principal peça, o amado irmão, ainda não encontrou o rumo. Tem atirado na direção da candidatura a governador, mas deixou lacunas na sua base eleitoral. O cenário é complicado também porque Romero Rodrigues tem maioria qualificada na Câmara Municipal de Campina Grande.

Aliás, o cenário na CMCG para o PMDB é complicado. Perderá 50% da bancada, saem Pimentel e Metuzelá e também suplentes. Sem contar que em CG, por enquanto, não há oposição. Há honrados (as) operários (as) se manifestando, defendendo o chefe, mantendo as luzes acesas. Apenas isto e nenhuma ação relevante.

E neste quesito há que se ter cuidado, pois o danado do mico até consegue desviar-se em meio aos cristais, mas o rabo bota tudo a perder. Desvia o corpo, entretanto o rabo faz movimento diverso e esbarra sempre.

O papel da defesa do irmão poderia estar sendo feita pelo Senador, porém há o seu temperamento. Vai ao inferno para devolver desaforos e ainda não aprendeu a ser contrariado sem reações coléricas. Tem potencial para ser ele o candidato do PMDB e inteligência tão ampla que chega a ser diabólica.

Estes são cenários, mas todos desmontáveis. O que vai prevalecer é a capacidade de reação para estancar sangrias, seduzir peças menores, porém qualificadas, e inventividade para convencer o povo de que a opção que cada um representa, é a única que pode fazer bem à Paraíba. Inventividade uma vez que os atores são os mesmos, nada de novo.

No âmbito geral, no entanto, vale registrar: o maior problema ainda é do atual governador. Depende de combinações de resultados. Tem de aguardar o saldo dos adversários. A sua posição no campeonato não depende apenas de si próprio. Tem de ganhar o seu jogo e aguardar os resultados de outros jogos.

A depender destes resultados pode vir a levantar a taça outra vez ou ter de desocupar a Granja, mesmo com a despensa cheia.


Lídia Moura
Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário