sábado, 16 de março de 2013

Eduardo Campos muda o jogo nos estados. Na Paraíba, Aguinaldo Ribeiro pode ser escalado pelo Planalto




O governador de Pernambuco Eduardo Campos será candidato contra Dilma. Esse fato mudou o panorama da política e vai mudar mais nos próximos dias. Caciques do alto escalão do PSB já se movimentam pelos Estados, buscam antigos e novos aliados, avaliam possíveis reforços e começam a montar a estratégia para 2014.

Um destes já esteve na Paraíba. Embora tenham como certo o apoio do atual governador, procuram reforços. E tem puxado assuntos antigos, com antigos militantes. E se houver mágoas, a ordem é apagá-las. Começar de novo é o lema.

Dilma, por outro lado, já começa a cortar as asas de Eduardo e a dinheirama derramada em Pernambuco tende a diminuir. Mas, o neto de Arraes não está nem aí. Tem lastro suficiente para a empreitada e também já começou a percorrer o Brasil. Por enquanto, vai ser discreto, negocia a portas fechadas.

Roberto Freire, presidente nacional do PPS, já está fazendo articulações em favor de Campos. O PMN foi sondado para possível fusão, com a ideia de o novo partido que surgisse de PPS e PMN abrigasse José Serra para ser o vice de Eduardo. A fusão não sairá, mas a conversa sobre aliança pode continuar.

O governador, Eduardo Campos, começou bem. Além de apoio interno, incluindo governadores e parlamentares, pode contar com Roberto Freire, que é bem articulado e respeitado, tem 11 deputados federais e tem um partido organizado em todo o país, sem contar que atualmente é deputado federal pelo estado de São Paulo, o que ajuda com novos contatos para Eduardo.

]Buscam o PMN porque, embora menor, tem deputados federais e também está organizado em todo o país. E não tem conflitos e disputas internas relevantes. É uno e em vários estados tem representatividade importante. É o caso do Rio Grande do Norte, Alagoas, Distrito Federal, Rio de Janeiro etc. 

Além disso, tem pé quente. Estava entre os quatro partidos que apoiaram Lula quando este ganhou a eleição para presidente em 2002. Eram apenas PT, PL, PCdoB, PCB e PMN. E hora nenhuma estrou em mensalões e afins.

Eduardo Campos tem uma bancada considerável no Congresso. São vinte e sete ( 27 )deputados e quatro (04) senadores, o que deixa Dilma sem poder brigar pra valer. O PSB só não poderá contar com os irmãos Gomes (Ciro e Cid), do Ceará, que permanecerão com Dilma. São eles os escalados para bater em Eduardo Campos, de dentro de casa, o que, convenhamos, é um papel muito feio.

A movimentação de Eduardo Campos, no entanto, altera o jogo nos estados, principalmente, naqueles onde o governo está com o PSB. Afora o Ceará, que fica com Dilma, o pretenso candidato tem o seu estado, Pernambuco (96% dos pernambucanos aprovam o seu governo), e o PSB tem ainda: Piauí, Amapá, Espírito Santo e a Paraíba.

E por aqui o jogo já mudou. O PT de Dilma já se movimenta. Por cima, claro. Caso Eduardo Campos seja candidato, o Planalto vai parar de tratar RC como aliado. Além disso, a ideia é ter um candidato para tirar do páreo o palanque de Eduardo Campos. Sem esquecer o PSDB, estando este em faixa própria ou com Ricardo. O destino do PSDB depende da decisão de Cássio Cunha Lima, que, aliás, já aparece nas pesquisas como favorito. Os tucanos merecem um capítulo a parte, em breve. Só para adiantar, Cícero, dificilmente, aceita ser o senador na chapa de Ricardo.

E é aí que o cenário pode mudar mais. Sendo Eduardo Campos candidato a presidente, o ministro Agnaldo Ribeiro, hoje forte candidato a deputado federal, seria candidato apoiado pelo Planalto para fazer este enfrentamento, junto com o PT e outros que não querem nem Ricardo (PSB), nem PMDB.

O ministro, portanto, outra vez, pega um cavalo prá lá de selado e pode ser a solução para o PT e para Dilma. Seria o candidato a governador. Neste caso, a irmã seria candidata a deputada federal, Agra, aceitando o plano, pode ser o senador.

O fato é que Eduardo Campos torna o jogo melhor e saudável para a política. Aqui mesmo na Paraíba traz uma lição de que aliado não é escravo. Por isso, hoje pode estar junto, amanhã em outra faixa. Nada demais. Só considera traição os que enxergam a política como um reduto particular, pertencente a famílias e oligarquias, onde os aliados são meros coadjuvantes que esperam a ordem para então seguir o rumo que mantém o status quo.

Pobre de quem joga na política como algo pessoal. No fim, repito, todos se juntam ou se apartam de acordo com as conveniências do instante, ou seja, a próxima eleição.



Lídia Moura
Jornalista

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