sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre lideranças, compradores de aplausos e o leite derramado.

Vitalzinho está sobrando
O senador Vital do Rego Filho está dispensando postos no Senado Federal. Já definido como Presidente da poderosa Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) e integrando 11 comissões, o senador acaba de dispensar a indicação para ser presidente e relator da Subcomissão de Reforma Administrativa, bem como a relatoria da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).


É também um dos vice-líderes do governo, o que lhe garante muito trânsito no Planalto. Nos primeiros dias de mandato já conseguiu 2 milhões de repasses para municípios paraibanos, dentre eles Patos, Juazeirinho e Mãe D’ água.

O senador estréia, portanto, com muita movimentação, escancarando portas e trabalhando muito. Além de tudo, fala até demais. Já fez uma dezena de pronunciamentos e apartes.

Os mais antigos no Senado, que observam a todos, estão com boa impressão do Senador. Simples, sempre trabalhando, sem vaidades, circula pelos corredores como qualquer mortal, sem aquela empáfia comum aos novatos e que a própria Casa se encarrega de enquadrar.
Está “sobrando”, portanto.

O povo é teimoso
O Ministro Luiz Fux pode definir o destino de Cássio Cunha Lima na próxima quarta-feira. A discussão sobre a tal “ficha limpa” volta à pauta, não no caso Cássio, em outro, mas que define a questão.

Ainda não se sabe a tendência do Ministro, mas especialistas arriscam apostar que o Ministro fará a defesa da Constituição. Ou seja: contrário à retroatividade, assim como Marco Aurélio Melo e Gilmar Mendes, o que selaria a posse do ex-governador.

Perto do fim somos, todos, obrigados a fazer uma reflexão, independentemente de qual torcida integramos. Se a torcida do Cássio ou a de Wilson Santiago.

Pode a decisão popular ficar de lado? Você, que torce por Wilson, diria: Cássio sabia do risco. Foi o que disse também o presidente do TSE.
Sabia sim. E o povo também sabia do risco e das acusações que pesavam contra o ex-governador. E mesmo assim fez a sua escolha.

Os que se importam com a opinião do povo, e dela dependem para continuar carreira política, devem colocar as barbas de molho. Afinal, o povo é teimoso e ficar contra ele é, no mínimo, ato antipático.

Para acalmar os invejosos, Obama desistiu
A visita de Obama deixou o Planalto e as lideranças de quintal em polvorosa. Afinal, o homem mostrou a diferença entre um líder e um comprador de aplausos a custa de bolsa família e afins. Na Cinelância, íamos assistir a um discurso memorável, o triunfo da palavra. Você pode até nem gostar de Obama, mas ia ser um acontecimento.

O povo na rua, espontaneamente, atrás de conteúdo, democracia, participação na história. Afinal, Obama quebrou paradigmas e está acima da média.
Mas aí, entraram em cena os Gilbertos e Humbertos da vida, e avisaram. “ Não podemos impedir manifestações. Obama é um qualquer, será tratado como os outros” e por aí afora. Os recados foram tantos, o incômodo foi tamanho, que agora o discurso vai ser fechado, no Teatro Municipal, para a meia dúzia de sempre.

Enquanto isso, na Bahia
Um senhor de cabelos brancos, agricultor humilde, foi preso pela Vigilância Sanitária (sim, essa gente tem poder de polícia) porque, segundo os fiscais, vendia leite de porta em porta em Riachão do Jacuípe-BA.

Raimundo Antônio Carneiro, conhecido como Raimundo do Leite, residente na região de Mandassaia, zona rural de Riachão vivia da venda de leite que tira de duas vacas que possui. Tem mulher e doze filhos. Tem problemas de saúde.


Há mais ou menos cinco meses, o Ministério Público realizou, na pequena Riachão, uma Audiência Pública esclarecendo à população sobre a proibição de venda fora dos critérios de higiene, definidos pela vigilância sanitária, para a carne, o leite e seus derivados. Desde então, a Vigilância tem feito verdadeira caça às bruxas na região.

Após a prisão de Raimundo do Leite, a população foi às ruas, obrigando vigilância, Ministério Público e “demais autoridades” a enfiar a viola no saco. A prisão foi revogada.

Raimundo foi solto, mas não poderá vender seu leite. Ao comentar a prisão, o que mais o magoava Seu Raimundo, é o fato dos tais fiscais terem derramado o seu leite na rua.

Vamos torcer para que o prefeito, pelo menos, mande cadastrar seu Raimundo no Bolsa Família, no vale gás, cheque solidário etc. Sim, porque até esse benefício depende da vontade de governantes e não da necessidade do cidadão.

Em tempo: A operação Ouro Branco, da polícia federal, sequer divulgou o nome dos bandidos que misturavam soda cáustica ao leite para aumentar a durabilidade do produto. Eram presidentes de grandes cooperativas, gente endinheirada, diferente do Seu Raimundo.

Nove anos no poder
Os que estão no poder podem comemorar. Conseguindo a reeleição podem ficar 09 anos no poder. O presente veio da Comissão de reforma política que aprovou mandato de 05 anos, sem reeleição, mas valendo apenas a partir da eleição de 2014. Ou seja, quem está no poder poderá ficar nove anos e não oito. Vai para a aprovação do Plenário, mas, com maioria do governo, será moleza. São os casuísmos próprios da política brasileira. Quando houver conveniência, mundam de novo.


Fotos na ordem:
Sarney e Vital do Rego/ Waldemir Barreto - Agência Senado
Obama/Associated Press
Raimundo do Leite/Zda.com

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