sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Como o José, do Drummond: para onde?


Com o advento da Internet o mundo ficou menor. Conhecemos pessoas e o que pensam sem que elas saibam da nossa existência. Podemos levantar um perfil a partir de dados disponíveis na rede, sem dar bandeira. E vamos combinar: é uma tentação espiar a vida do outro, quietinho, sem gerar prejuízos os tê-los.
Todos já disseram algo ou algo foi dito sobre quase todos. Basta procurar. O que antes era restrito às celebridades hoje vale para qualquer um, melhor dizendo, vale para todos e todas. Expomos as nossas vidas de modo desenfreado.
Olhando para a foto do meu netinho de nove meses bateu um remorso. Será que esse cara vai gostar de saber, aos 15 anos (ou menos), que postamos fotos dele completamente nu para o mundo inteiro olhar?
Por meio das redes sociais localizamos pessoas que nem sabíamos por onde andavam. Trocamos ideias, disseminamos teses, fazemos debates e, infelizmente, podemos também propagar o mal.
Como tudo neste mundo, nós, as brasileiras e os brasileiros,  tratamos logo de usar a rede para ganhar uma grana. E se alastram as equipes de mídia. Uma gente que fica o dia inteiro no twitter e facebook falando horrores, ora do seu próprio perfil, ora de fakes. São “massas” comandadas, robôs programados para elogiar ou atacar, de acordo com a conveniência de quem paga. Não tem opinião própria. Ah! Se alcançassem o que disse Kardec saberiam que até a “fé só serve raciocinada”.
Em geral são muito jovens. E aí novamente me bate aquele incomodo. Esses jovens estão caminhando para onde? O que terão aprendido, no final, obedecendo aos interesses de coronéis dos dias de hoje. Nenhuma lição aprenderão nesse trocar de ofensas, na grita, com  verbarrogia da pior qualidade.
Essa grana, meninos e meninas, creiam, não vale a pena. Ao final disso tudo, vocês terão menos amigos e ainda serão rotulados como capangas da internet, que passam o dia e a noite na defesa do indefensável. Enquanto isso, os chefes e gurus estão zanzando de Intermares para Camboinha, com muito uísque, comes e bebes, lanchas/mansões, banhos de mar e afins.   Eles possuem “lavra de ouro” e nem te chamam para a festa.
Olha ao derredor e verá  aquele(a) colega, que correu pelas ruas junto contigo e desde outubro não recebe o que lhe devem. Verá aquela outra, mãe de família, que no final do ano ficou sem a ceia de natal, sem as férias merecidas, sem ter como fazer a matrícula dos filhos.  E enquanto isso, cana e até cabaré.
Pensa! Até o dinheiro que te pagam, quando pagam, vem de estruturas nacionais e poderiam ser utilizadas para o bem. Pense nesta mesma estrutura lutando por investimentos para minimizar os efeitos da seca? Ou quem sabe trabalhando pelo fim da violência contra a mulher!?.  
Mas, o que querem os donos desse “time”? Apenas ganhar a próxima eleição. Não lideram para a instrução, para o crescimento dessa geração, nem querem saber de formar cidadãos/ãs ou mesmo quadros, como dizíamos lá nos tempos da velha militância.  
Querem apenas ganhar eleições. E é para isso que você vai continuar refém dessa estrutura carcomida, perdendo velhos e novos amigos. Aposto que nem estudar você quer mais. Afinal, ficar perto do poder te parece grande coisa. Mas, esse poder, prezado(a), da forma que se ergueu, não fica de pé. E Você poderá terminar como o José, do Drummond: “sozinho no escuro/ qual bicho-do-mato, sem teogonia,, sem parede nua  para se encostar,  sem cavalo preto  que fuja a galope,  você marcha, José!  José, para onde?
Lídia Moura
Publicada no http:\\www.pbtudo.com.br

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