terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quando Helder construía RC ninguém reclamou por isenção

Soube, pelas comemorações de comissionados do governo da Paraíba, via twitter, que o jornalista Helder Moura foi demitido do sistema correio de comunicação, sistema que pertence ao empresário Roberto Cavalcanti. Nada demais não fossem as razões motivações políticas e a exigência do governador e de se staff (o coletivo) que, segundo dizem, pediu a cabeça de um oponente qualificado e que construiu, ao longo de mais de duas décadas, muita credibilidade junto à opinião pública.

Helder tinha e tem lado sim. Todos sabem que ele, por suas próprias e compreensíveis razões, não vota e não tem simpatia pela família Cunha Lima. Helder é de Campina e tem razões para isto. Cabe a ele relatar, se desejar. Eu as conheço e compreendo Helder.

Também optou no meio da caminhada a ser oposição ao Sr. Ricardo Coutinho, hoje governador, e que foi prefeito com o apoio, voto e campanha sistemática de Helder a seu favor. Naquele momento ninguém reclamou da "falta de isenção" de Helder.

Mas, vamos pensar bem: o que é a isenção que se reclama? A isenção é não ter opinião, lado, teses? Não, a isenção que se pede, pelo menos a que eu reclamo, é dar espaço para o outro lado, é dizer a verdade e só a verdade. Quando acusar ter provas do crime, mas ainda assim, dar espaço para a defesa do outro, de preferência na mesma notícia.

E isto, sou testemunha, Helder fazia. Eu mesma, em dado momento, fiquei aborrecida com ele, mas lá estava o espaço.


Sabemos, no entanto, que a isenção não é o problema. Enquanto esse mesmo Helder descia o sarrafo nos opositores de RC candidato a prefeito, apoiado por Maranhão e pelo sistema correio, tudo bem. Mas, quando esse mesmo estilo aponta para RC, aí não vale.

Vamos combinar, quem desses aí, que acusam de falta de isenção, na folha ou nela querendo entrar, liga para isenção!?. O problema é autoritarismo. É a busca pela obediência, é o desejo de subjugar. É a necessidade de vingança. E para tal usam o poder público, o dinheiro público, em acordos comerciais com os sistemas de comunicação. E tudo é simples, assim:

O sistema vai continuar sem isenção defendendo(hoje) cegamente o governo RC, como tem feito. E vai atacar os opositores da mesma forma como Helder já serviu, lá atrás, para atacar o Cássio, que antes era inimigo. E outros que atravessavam no caminho do então candidato RC.

O fato é que o outro lado, comum e óbvio no jornalismo minimamente sério, está sendo abolido. Inventam agora que a notícia, mentirosa ou não, é publicada e depois que se corra atrás da resposta. E a turma que demitiu Helder tem ainda o critério de não permitir que o oponente tenha voz. Até a mulher do homem anuncia pelas redes sociais a chamada limpeza. Fazer o que? Em terra de cego...

O sistema correio perdeu a oportunidade de manter, pelo menos, o contraditório, uma voz fora do cabresto. Optou pela entrega total.

Nós, leitores, ouvintes e telespectadores temos de fazer uma listinha e olhar para a notícia dada tirando sempre 80%, pois essa parte é a cota do patrocínio. Os outros 20% usam, ora para manter minimamente a dignidade, ora para pressionar e garantir que o pagamento fique em dia.

Neste cenário ou em qualquer outro não há o que comemorar. Demissão de jornalista, a pedido, é sempre um atraso, um mal para a sociedade. E mostra toda a nossa fragilidade enquanto sistema democrático.

Há muito o que aprender e na escola do governador é impossível. Estamos fadados ao fracasso, às trevas, ao atraso do jornalismo e de tudo que envolve o bom debate. Dizem, há um tolo de plantão, que se autoproclama a mão-de-ferro, o dedo em riste em nome do governo.

Pobre diabo! Não sabe ele que tudo passa.





Em tempo: Disponibilizei, por telefone e via email, para a comunicação do governo e da prefeitura, todo o espaço para este blog e onde quer que eu escreva. Nunca obtive resposta. Claro, me julgaram pelo que são.

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