segunda-feira, 6 de maio de 2013

“Rega as tuas plantas. O resto é a sombra de árvores alheias”.(*)


Os partidos PPS e PMN foram ao limite do sacrifício. Abriram mão de sua existência para fundar um novo partido, um novo projeto. Nunca mais serão chamados por PPS ou PMN. Não mais terão como referências as suas simbologias. Decidiram seguir em frente.

Parte do PPS já conhece a dor de nascer de novo. Sim, porque nascer também é difícil, doloroso até.  Era o partidão (PCB) e para se firmar como esquerda democrática se reinventou como PPS.

Os mais jovens e os militantes que chegaram há pouco não tem ideia do quanto foi difícil esta passagem. Muitos de nós sofremos como viúvas ou crianças sem mães ou como pobres almas sem caminho. Tanto que, como consolo, fomos por muito tempo chamados de históricos, internamente, como a lembrar que chegamos em tempos mais duros, mais difíceis. Alguns de nós nem tanto, pois já chegamos no fim do regime totalitário. Outros, sofrerem todo o mal do tal regime, como a tortura, o exílio, a perseguição política e pessoal.

Para o PMN, também será difícil. São 25 anos de história, sem se entregar às bandeiras fáceis. Começou lançando candidatura própria a presidente do Brasil em 1989 e lá atrás, quando ninguém queria, o PMN se postou ao lado de Lula numa aliança com apenas 05 partidos (PT,PMN,PL,PC do B, PCB), que resultou na primeira eleição, em 2002. Lá não ficou por não ter tido os acordos políticos honrados. Embora o poder fosse o caminho mais fácil, afastou-se e se manteve até hoje na oposição. Pode comemorar. Nenhum dos seus esteve pelo mensalão, por exemplo.

Há também o fato de que é um partido sem muitos embates internos. Pelo PMN se cultiva a cultura do consenso, da negociação pacífica, contornam-se montanhas para não ter de abrir fendas.  Somos pequenos, mas organizados, e já elegemos o suficiente para sobreviver.  Há os que sempre saem em busca de novos amores. Foi assim quando perdemos para o partido do Kassab, deputados, senador, governador, vice-governador.

O leitor deve está confuso, pois estou nas duas casas. Sim, sou oriunda do partidão, fundadora do PPS, desisti, voltei, e no processo de fusão entre PMN/PPS de 2006 deixei o PPS e seguir com o PMN.
Mas, voltemos ao que é importante. O que de fato importa nesta fusão é o realinhamento da oposição, que se junta de modo consistente para apresentar um projeto ou projetos para o Brasil.

O primeiro enfrentamento se deu no Congresso Nacional, que a mando do Planalto tentou uma manobra mudando a Lei, de modo a prejudicar os novos partidos que surgem, democraticamente. Trata-se do PL 4470/12, do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), cujo texto determina que deputados não podem carregar consigo, caso mudem de partido, tempo na propaganda eleitoral e recursos do Fundo Partidário para as legendas para onde decidam se transferir. Ou seja, o que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) conseguiu na Justiça ao fundar seu partido não será mais aplicável, se valer a manobra do Planalto, via Congresso Nacional.

Sobre a fusão, há apreensão nos estados, em nível nacional e em meio à militância. Toda mudança resulta em dúvida e pode provocar resistências, grita até. Por isso, há que se apegar ao que norteia essa fusão.
O Partido que surge, com o nome MD 33 – Mobilização Democrática, aponta para uma resistência e oposição ao poder hoje estabelecido. E não haverá meio termo. Será oposição ao governo federal, estará em campo oposto ao palanque de Dilma.

A partir dessa “clausula pétrea” para a nova sigla, os Estados serão estimulados para que a MD lance chapas completas. Governador, Senador, Deputados Estaduais e Federais, sempre que possível.

O desafio é juntar essas militâncias em torno de um projeto que lhes pertence. Não precisam ficar sob as “sombras de árvores alheias”. O caminho é mais longo e duro, mas é para isto que forma feitos os partidos. Têm obrigação de apresentar propostas e projetos políticos completos para a sociedade. 

Na Paraíba, a velha prática de coronéis tenta interferir. Setores dessa política carcomida, defasada e senil, está a estrebuchar, pois que não se conforma em vê como possibilidade de coordenação uns e umas que não são oriundos (as) de velhos grupos, famílias poderosas, oligarquias. Não entendem que esta fusão tem dois times, metade do PMN e a outra metade do PPS. Nada será possível sem esse entendimento.

A legenda já surge maior do que podem admitir. Um deputado federal se somou ao projeto com a disposição de se lançar candidato a governador em 2014. Major Fábio é um alento e fortalece a política dos que não querem pertencer nem aos velhos coronéis, nem aos coronéis mais moços. Fortalece os que plantam árvores para, no crescimento destas,  utilizarem-se de sombras da melhor qualidade.

Pra frente é que se anda. E sob a sombra de nossas árvores frondosas, tanto melhor.

Lídia Moura


(*) Fernando Pessoa/Odes ( Ricardo Reis, 1-7-1916 )

Nota: Peço desculpas aos leitores (as) pelo espaço de tempo sem atualização da coluna. O motivo é justo. Cuidava de ajudar na fusão que resultou na MD33

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