segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Na semana da criança cenas de ultraje, ao vivo, na Tv.

E a televisão mostrou uma criança de 13 anos sendo estuprada. Não vi o programa, obviamente. E demorei a acreditar nesse fato, até que li a peça do Ministério Público em que foi descrita a exploração da miséria humana, como bem classificou o Procurador Duciran Farena.

O estado brasileiro tem mecanismos para coibir tais aberrações. E creio, vai responder à altura. Ainda assim, o crime de exibir uma criança sendo violentada foi cometido. Todos puderam, na hora do almoço, assistir a esse filme de terror.

E o que pode fazer a sociedade contra tudo isso. Por mais amigos que sejamos do apresentador em questão. Por mais que outros admirem o seu trabalho. Por mais que tantos estejam do seu lado na política e na vida, o homem errou e atentou contra todos nós. E não podemos compactuar com tal loucura.

Assisto pouco à televisão. E jamais vejo esse tipo de programa. Por isso, não sei dizer da conduta da tv e do programa no dia seguinte. Mas, o certo é que o dono da TV correio, seus diretores e diretoras, funcionários, apresentador, devem vir a público pedir desculpas à vítima, à sua família, aos telespectadores, ao povo paraibano.

O Ministério Público agiu rápido. O Procurador lembrou que “A infelicidade de um crime não torna o corpo da vítima objeto do domínio público para que os réus dele possam servir-se com fins lucrativos”, defende o procurador da República, Duciran Farena, que subscreve a ação.

E esse homem, apresentador-político, deixou de lado todos os princípios humanos e ajudou a humilhar ainda mais essa vida. Sim, porque ela teve de reviver tudo, o bandido a reconheceu, seus amigos, vizinhos, gente de toda a sorte soube de sua dor. Esse foi o presente ofertado por este programa em plena semana da criança.

Isso nem de longe é jornalismo. Esse homem seguramente não tem filhas, pois imagine se isso fosse feito com uma filha sua. Além da tragédia vivida pela menina, o crime levou a outro crime que é a exibição desse ultraje em cadeia estadual, podendo ser exibido em cadeia nacional? Com sua filha não pode, claro, apenas com as filhas de outros.

Como jornalista estou envergonhada desse vale tudo. E embora não tenha nada a ver com o fato, peço desculpas à vítima e seus familiares, pelo fato de a minha profissão ter descido a níveis degradantes e, talvez, irrecuperáveis em nosso estado.

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